Repararam como muitos sites estão adotando essa postura? Antes de cada artigo existe a indicação do tempo que se vai levar pra ler o texto. Vivemos a era da informação e somos bombardeados por elas o tempo inteiro, já que estamos quase que o tempo inteiro com esses aparelhos de comunicação por ondas eletromagnéticas que permitem a transmissão bidirecional de voz e dados utilizáveis em uma área geográfica dividida em células. Até para o banheiro a gente carrega isso.
Pois bem. Como a quantidade de informações é muito grande, a tendência é selecionarmos quais temos interesse em absorver, e consequentemente, o tamanho delas importa e muito. E isso vale para textos, vídeos e áudios. É grande? Nem pensar!
Por medo de perder leitores, os sites e portais estão se comportando assim E eu, que não sou bobo nem nada – vá lá, cara de bobo eu até tenho, mas não sou não, viu? – dei nome à crônica com medo de perder leitores em potencial. Conta aí, já deu um minuto?
O fato é que esse medo e tantos outros, os medos nossos de cada dia, segundo li certa vez, são em grande parte, medos que surgiram ao longo de nosso amadurecimento, muitas vezes, ainda na infância. E se você preserva esse medo, é sinal que exatamente nesse ponto você não amadureceu. É como se houvesse um Pachequinho aqui dentro com medo de não ter atenção – e com ele mais um monte de Pachequinhos.
Imaginem só: aquela sala de espera enorme, as paredes brancas e o ar condicionado mantendo a temperatura ideal. Uma TV na parede passando desenho animado o tempo inteiro e aquele monte de Pachequinhos, um pra cada medo, sentados um ao lado do outro em longarinas confortáveis, apenas aguardando o display chamar quando os gatilhos forem acionados. Eles conversam entre si, perguntam onde me conheceram, fazem amizade e se associam inclusive com outros sentimentos. A preguiça, por exemplo: já pararam pra pensar que aquela preguiça de fazer uma atividade física está mais relacionada ao medo de sair de uma zona de conforto do que com um suposto cansaço? Afinal é muito mais fácil permanecer em algum status do que vencer uma inércia. Lembrem-se, amiguinhos, a preguiça, a gula, o mau humor, a estupidez e mais um monte de emoções negativas são parceiras do medo e muitas vezes quando ele não atende à chamada do display na sala de espera, são elas que cumprem suas funções.
Nessa brincadeira, esses medos pueris e domésticos, nos impedem de alçar voos maiores, porque criaram barreiras em nossa mente – medo de altura, medo de andar de bicicleta, medo da falta de atenção, medo de falar em público, medo de tomar iniciativas, medo de ser esquecido, medo de dizer o que sente... Vejam só, quanta coisa boa deixamos de viver por conta desses medos? Já deu um minuto aí? Claro que deu. Mas se eu interrompesse meu texto, o melhor da minha anedota não viria – e é exatamente disso que estamos tratando.
A fim de buscar viver essas coisas bacanas, não tem jeito, precisamos enfrentar essas crianças dentro da gente. Como é que passamos a suportar o sabor amargo do jiló? Comendo jiló, ora bolas - pô, uma canjiquinha com jiló refogado é bom demais, fala a verdade! Então vamos andar na montanha russa! Vamos andar de bicicleta, vamos nos importar menos com a atenção, vamos falar em público, vamos tomar iniciativas, dizer o que sentimos!
No final das contas, nossa mente não vai entender que esses medos foram suplantados hoje ou com cinco, sete ou dez anos. E todas as privações que vivemos por causa deles não farão mais sentido, tampouco haverá mais privações.
Coragem, terráqueos! Eles não precisam sair da sala de espera todos de uma vez. Isso é tarefa hercúlea e demorada. Vou chamando meus Pachequinhos um por um e já comecei escrevendo um texto um pouco maior, sem me preocupar com a falta de atenção. E daí por diante.
Tempo estimado de leitura: 1 minuto? Só que não.
George dos Santos Pacheco
georgespacheco@outlook.com
Comentários
Postar um comentário