Mea Culpa

Me perturba a quantidade de candidatos que concorrem nessas eleições ao cargo de vereador. Há uma série de “João da Antena”, “Maria do Hospital”, e toda sorte de sobrenomes excêntricos que buscam ansiosamente identificar os representantes locais.
É evidente que o problema não é a criatividade desses nomes. O problema é a qualificação desses homens e mulheres. Eles estão realmente preparados para assumirem cargos de tamanha relevância? Eu não acredito. O eleitor deve tomar muito cuidado, pois é como procurar agulha no palheiro.


É bem verdade que há os bem intencionados, mas garanto, boas intenções não são suficientes. Acredito que eles deveriam ter um mínimo de preparo, um conhecimento minimamente básico de Administração Pública, Direito Administrativo, Constitucional e Eleitoral. Isso não é muita coisa, é o mínimo que qualquer concurso público cobra em sua bibliografia. E no final das contas, as eleições não são uma espécie de concurso público, e nós, por analogia, não somos sua banca?

Você, candidato, se quer mesmo representar a sociedade, prepare-se, porque o Brasil precisa de gente preparada. Cidadão, quer uma cidade, um país, melhor para viver? Escolha bem. Encontre agulhas no palheiro, pois elas existem. Esse papo de voto de protesto é uma forma de usar a força do povo contra ele mesmo. Não é momento para protestos. Se você quer manifestar seu desapreço pela política, pela corrupção, escreva palavras de ordem em uma faixa e faça uma passeata. Tem consequências menos drásticas.


Não anule seu voto. Tem circulado pela internet uma mensagem conclamando os ditos cidadãos respeitáveis a anulá-lo, no intuito de se realizarem outras eleições. Esse movimento – antidemocrático e anticidadania – utilizou para alcançar seu objetivo, o descrito no art. 224 do Código Eleitoral:  

“Se a nulidade atingir a mais de metade dos votos do país nas eleições presidenciais, do Estado nas eleições federais e estaduais ou do município nas eleições municipais, julgar-se-ão prejudicadas as demais votações e o Tribunal marcará dia para nova eleição dentro do prazo de 20 (vinte) a 40 (quarenta) dias”.

Contudo, essa nulidade não se refere aos votos nulos depositados nas urnas pelos eleitores, mas aos votos anulados em virtude de processo julgado pela Justiça Eleitoral. Votar nulo não anula eleição alguma. Então, anular o voto é mais uma maneira equivocada de protestar.

Há que se tomar muitíssimo cuidado. Espalham-se as denúncias de corrupção nas esferas de governo, e repito, as boas intenções não são suficientes, e correm, ainda, o risco de serem manipuladas por quem é melhor preparado e mal intencionado.

Por isso, se você não aguenta mais tanto atraso, tanta desigualdade, tanta corrupção, não venda seu voto, não proteste na hora de votar. Afinal de contas, a culpa de toda essa sujeira – que frequentemente é empurrada para debaixo do tapete – não é do candidato, não é do governante. É toda nossa.

George dos Santos Pacheco
pacheconetuno@oi.com.br

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