Em um reino fictício, a rainha foi deposta,
investigada por irregularidades fiscais. Seu Conselheiro, ao assumir o trono,
também se torna investigado por corrupção, enquanto busca aprovar medidas a fim
de restaurar a economia, as relações trabalhistas, e afastar de vez a crise que
vem assolando o país. Estados em falência, poder de compra diminuído e
população desconsolada. Recebem a notícia de que aquele tal rei que veio do
povo, também investigado, foi condenado pela Corte.
Ao longo de todo esse processo, manifestações pró e contra a Coroa pipocam em
todo reino, um brado retumbante de um povo heróico ouviram do Ipiranga.
Está difícil para você? Há gente fazendo fila
para receber cesta básica! Há gente morrendo nos corredores de hospitais. Há
balas perdidas que encontram alvo em corpos de crianças.
Não está fácil para ninguém.
Nesse reino fictício, não está fácil nem para os
políticos que tentam manter a cabeça acima do pescoço, tampouco para o povo que
busca tomar a Bastilha.
E assim vivemos na corda bamba, em cima do muro,
observando os dois lados, fingindo que é tudo mentira e que não está tão ruim
assim; afinal, só dói quando é na própria pele. Fingimos. Fingimos, inclusive
que não temos nada a ver com isso.
Há, convenhamos caro leitor, muito mais coisas
acontecendo entre o céu e a terra do que julga nossa vã filosofia, muito mais
do que interesse que sejam publicadas em jornais. A verdade está pichada nos
muros. Uma crise política, econômica, de segurança, de saúde, de educação e,
sobretudo, de valores – e não surgirá nenhum herói para salvar-nos e casar com
a mocinha no final. Os heróis e vilões somos todos nós.
Não é ficção, não é novela. O nome desse reino é
Brasil e você é meu vizinho. Eu sei que está difícil ver uma luz no fim do
túnel que não seja um trem, mas é preciso continuar a caminhada e acreditar uma
vez mais – e outra vez. Pelo menos pra ver no final de tudo, o próprio nome
aparecer nos créditos e bater no peito orgulhoso de que fez parte disso.
Quaisquer que sejam os resultados.
George dos Santos
Pacheco
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