A prisão não são as grades


Não é apenas o sistema prisional, a economia, a política brasileira que está em crise. Passamos por uma crise de valores. Voltamos à Idade Média? Cadeia não é calabouço pro indivíduo sofrer até morrer. Se você pensa assim, se você deseja que as pessoas morram, independente do que ela fez, tem alguma coisa errada. 

A solução, cara pálida, não é prender mais gente, não é matar mais "bandido", não é construir mais presídios. A solução é evitar que as pessoas se marginalizem. E isso envolve um Estado mais eficiente.

Daí muitos vão dizer “Ah, Pacheco, mas você está dizendo isso porque não sofreu com a criminalidade, ninguém da sua família foi morto por um bandido, nunca foi assaltado, etc, etc...”. Graças a Deus. E é exatamente por isso que eu posso pensar com imparcialidade.

A cultura do “calabouço” é estimulada justamente para retirar a responsabilidade do Estado nesse negócio todo (como tantas outras ideologias que nos são empurradas goela abaixo todos os dias, disfarçadas em boas intenções e belos discursos, sem que percebamos). E a Segurança Pública, prevista na Constituição? E a Educação e a Saúde públicas?

“A prisão não são as grades, e a liberdade não é a rua; existem homens presos na rua e livres na prisão. É uma questão de consciência.”, já dizia Mahatma Gandhi. Pergunto-me como os presidiários podem ter acesso a celulares, TV’s, armas e a tantos outros recursos. Quem permitiu isso? Como o cidadão, aqui fora, vive escondido em suas casas, carros, atrás de muros e grades (que nos protegem de quase tudo)? Quem permitiu isso?

É um enorme paradoxo, não acham?

Tudo é muito mais complexo, caro leitor. E precisamos estimular uma consciência crítica para perceber isso tudo e mudar um pensamento equivocado. Leva tempo, mas é possível. Se pensamos errado, todos temos culpa: o Estado, as famílias, a mídia, eu e você. Mas sempre é hora de mudar. Mude o que você pode.

George dos Santos Pacheco

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